O conhecido “Reforço Escolar” se torna melhor
quando é compreendido e identificado como Apoio Paralelo Individualizado. Tal
apoio, na verdade, é uma assistência ao aluno, que visa superar as dificuldades
sinalizadas e/ou reveladas diante de qualquer área da composição curricular bem
como de qualquer tema ou conteúdo em estudo.
Durante a minha vivência profissional, passei a
observar que – na realidade – o Apoio Paralelo Individualizado é decorrente da
visão que temos acerca da avaliação da aprendizagem; é um recomeço para se
alcançar um objetivo traçado anteriormente. Por isso, o momento certo para
intervir, para “reforçar”, assistir paralela e individualmente se torna
aparente quando o educador percebe que o aluno não está acompanhando o que está
sendo trabalhado.
O “Reforço Escolar” é necessário desde a primeira
semana de aula, quando o profissional (educador) realiza o diagnóstico da
turma. Ora, todo educador deve ter claro o que se pretende trabalhar a cada
período, o que é pertinente à faixa etária (série) da turma e, assim, a partir
da diagnose, identificar se pode iniciar os conteúdos programados ou se é
preciso um outro ponto de partida. Em se tratando de uma ou mais crianças com
déficit de aprendizagem, o que deve ser planejado é o atendimento
individualizado – em horário (dia) diferenciado – para que seja trabalhada a dificuldade
do aluno e o mesmo permaneça acompanhando a sua turma no horário normal de
aula.
Diante desse contexto, escola e família devem ser
parceiras inseparáveis, mas a realidade acaba por revelar que sempre a escola
assume quase toda a responsabilidade. O Apoio Paralelo Individualizado é sempre
executado pelo professor e aluno, porém, deve ser sistematizado com a direção e
assessoria pedagógica da escola em parceria com os pais. Em casa, a família
deve acompanhar a criança no que diz respeito à orientação diante das
atividades solicitadas pela escola. Em suma, o RE deve ser realizado em
conjunto com os pais, diretoria da escola, professor e aluno.
Para concretizar a atividade, é importante que o
aluno seja assistido nos momentos individualizados com atividades que favoreçam
a superação de suas dificuldades. Se está numa série em que o conteúdo inicial é
multiplicação e o mesmo não compreende a adição (juntar quantidades), jamais
compreenderá o significado de multiplicar (no sentido de operação). Em situações
como essa, é imprescindível o RE (API - Apoio Paralelo Individualizado) para
que a criança consiga multiplicar e acompanhar a sua turma e se sinta parte
integrante desse grupo.
Para o Reforço Escolar se tornar eficaz, é preciso
ser realizado em curtos intervalos. O processo que espera os resultados das
verificações da aprendizagem (testes e provas) da unidade, ou semestres, não
permite ao aluno a superação das dificuldades e ainda sobrecarrega-o com mais
conteúdos.
De forma contínua e paralela (avaliação diária), é
vantajoso tanto para o aluno quanto para o professor, porque o estudante
melhora e o processo de ensino-aprendizagem pode ser dado continuidade,
atendendo o objetivo esperado. Porém, se realizado no final do semestre ou por
avaliação de unidade, encontraremos lacunas, pois foi permitido o acúmulo de
informações sem significação, por conta da incompreensão diante dos temas
anteriores.
As avaliações são instrumentos do RE; meios que
permitem detectar necessidades de apoio ou não para a criança e o rever das
práticas educativas utilizadas pelo professor-educador. Vejo o reforço escolar
como apoio significativo ao processo educacional e não como ação que impulsiona
comparativos entre prós e contras. Até porque não é uma atividade de “banca escolar”,
na qual muitas vezes é caracterizado por ensinar à criança as atividades que a
escola passou e os pais não têm tempo, paciência ou domínio dos conteúdos.
Entretanto, é, sim, um Apoio Paralelo individualizado no qual deve ser
trabalhado dificuldades, o que não foi compreendido, o que é um entrave para a
criança. Não há necessidade de uma hora por dia, mas uma vez por semana, ou
quinzenalmente – de acordo com a quantidade de áreas da composição curricular
(só Matemática ou Língua Portuguesa e Ciências), ou temas.
As técnicas devem ser diversificadas de acordo com
o(s) tema(s) que necessita(m) de Apoio Paralelo. Porém, diferente do que já vem
sendo trabalhado em sala de aula, porque as crianças são diferentes e as
informações não chegam da mesma forma para todos. Exemplo: se a criança não
compreende pontuação e o tema já foi explanado de forma expositiva no quadro em
sala de aula, por diversas vezes, no reforço o professor-educador deve
sistematizar situações contextualizadas que evidenciem as pontuações. Não deve
simplesmente desejar nesse momento que o aluno saiba nomear cada sinal, mas,
sim, que ele perceba os sinais em diferentes textos, histórias, frases, até
porque as “pontuações” só existem em contextos e produções. Obs.: se não há
identificação, domínio e compreensão em relação aos sinais de pontuação, como
esperar que o aluno construa e produza textualmente?
Se o Reforço Escolar for compreendido pelo mediador
como deve ser, não há dúvida de que dificuldades serão sanadas, habilidades
despertadas, aprimoradas e desempenhos visíveis.